Cronologia

Furtado, ministro do Planejamento, com o então presidente João Goulart

 
1920 - 26 de julho: Celso Furtado nasce em Pombal, no sertão paraibano. Seu pai, Maurício de Medeiros Furtado, é um jovem advogado que, na tradição da família de magistrados, será juiz e desembargador. Sua mãe, Maria Alice Monteiro, é de uma família de proprietários de terra. Celso é o segundo dos oito filhos que terá o casal.
 
1924 - Pombal sofre a “cheia do século”. Integrantes da coluna Prestes passam perto da cidade.
 
1927 - A família fixa residência na Cidade da Paraíba, como então se chamava a capital do estado.
 
1930 - João Pessoa, presidente da província e candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, é assassinado no Recife. Sua morte é o estopim da Revolução de 30.
 
1932 - Início dos estudos secundários, no Liceu Paraibano, e no Ginásio Pernambucano, no Recife.
 
1936 - Dá aulas de geografia e português e dirige cursos noturnos de escolas públicas.
 
1939 - Chega ao Rio de Janeiro, indo morar em pensões no Flamengo e na Lapa.
 
1940 - Ingressa na Faculdade Nacional de Direito. Tem seu primeiro emprego, na Revista da Semana, como secretário de redação, depois repórter e crítico de música. Será também revisor do Correio da Manhã.
 
1942 - Viaja a Ouro Preto para reportagem com a equipe do cineasta Orson Welles. Descobre a sociologia alemã de Max Weber, Ferdinand Tönnies, Hans Freyer, Georg Simmel. Lê Schumpeter e Manheim.
 
1943 - Aprovado nos concursos para Assistente de Organização do DASP e Técnico de Administração do DSP-RJ, entrando para o funcionalismo público federal. Trabalha em Niterói.
 
1944 - Cursa o CPOR (Corpo de Preparação de Oficiais da Reserva). Escreve seus primeiros artigos, sobre administração e organização, na Revista do Serviço Público, do DASP. Bacharel em Direito. Convocado para a Força Expedicionária Brasileira.
 
1945 - Embarca para a Itália como aspirante a oficial da FEB. De volta ao Brasil, faz uma viagem ao sertão da Paraíba e toma a decisão de não ser advogado, como o pai, mas economista.
 
1946 - Ganha o prêmio Franklin D. Roosevelt, do Instituto Brasil-Estados Unidos, com o ensaio “Trajetória da democracia na América”. Colabora para a revista Cultura Política. Publica De Nápoles a Paris – Contos da vida expedicionária, seu primeiro livro. Muda-se para Paris, onde fará um doutorado em economia na Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris-Sorbonne. No Instituto de Ciências Políticas, faz um seminário de leitura sistemática de Marx.
 
1947 - Visita a London School of Economics. Integra a brigada francesa de reconstrução de uma ferrovia na Bósnia, perto de Sarajevo. Participa do Festival da Juventude em Praga. Envia artigos para a Revista da Semana, Panfleto e Observador Econômico e Financeiro.
 
1948 - Doutor em economia pela Universidade de Paris, com a tese “L’économie coloniale brésilienne”. Retorna ao Brasil, entra para o quadro de economistas da Fundação Getúlio Vargas, trabalhando na revista Conjuntura Econômica. Casa-se com Lucia Tosi, com quem terá os filhos Mario e André.
 
1949 - Integra-se à recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas sediado em Santiago do Chile.
 
1950 - O economista argentino Raúl Presbisch assume a secretaria-executiva da CEPAL e o nomeia Diretor da Divisão de Desenvolvimento. Será encarregado de missões na Argentina, Costa Rica, Venezuela, no Equador e no Peru. A Revista Brasileira de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, publica seu primeiro ensaio de análise econômica, “Características gerais da economia brasileira”.
 
1951 - Encontra-se nos Estados Unidos com Vassili Leontieff, Walt Rostow, Melville Herskovits, Theodor Schultz, durante viagem a universidades e instituições de pesquisa e ensino que trabalham com o desenvolvimento econômico.
 
1952 - A Revista Brasileira de Economia publica “Formação de capital e desenvolvimento econômico”, seu primeiro artigo de circulação internacional, traduzido para o International Economic Papers, órgão da Associação Internacional de Economia que veicula contribuições à teoria econômica apresentadas em outras línguas.
 
1953 - Preside o Grupo Misto CEPAL-BNDE, cujo estudo sobre a economia brasileira, com ênfase especial nas técnicas de planejamento — “Esboço de um programa de desenvolvimento, período de 1955-1962” — servirá de base ao Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek.
 
1954 - Publica A economia brasileira, seu primeiro livro de economia.
 
1955 - Cria no Rio de Janeiro o Clube de Economistas, que lança a revista Econômica Brasileira.
 
1956 - Muda-se para a Cidade do México, em missão da CEPAL. Publica Uma economia dependente.
 
1957 - Estudos de pós-graduação no King’s College da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Aí escreve Formação econômica do Brasil, seu livro mais difundido no Brasil e traduzido em nove línguas.
 
1958 - Desliga-se da CEPAL e assume uma diretoria do BNDE.  O Nordeste sofre uma das piores secas do século, que desaloja meio milhão de pessoas. O presidente Juscelino Kubitschek o nomeia interventor no Grupo de Trabalho do Desenvolvimento do Nordeste (GTDN). Elabora o estudo “Uma política de desenvolvimento para o Nordeste”, origem do Conselho de Desenvolvimento do Nordeste (CODENO). É nomeado seu secretário-executivo. Publica Perspectivas da economia brasileira, com as conferências proferidas no ano anterior no ISEB.
 
1959 - 1ª edição de Formação Econômica do Brasil. Candidata-se à cátedra de professor de economia da Faculdade Nacional de Direito, da antiga Universidade do Brasil, com uma tese sobre os desequilíbrios externos nas economias subdesenvolvidas.
 
1960 - O Congresso aprova a lei que cria a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), sediada em Recife. É nomeado seu superintendente, sendo reconfirmado no cargo pelos próximos presidentes Jânio Quadros e João Goulart.
 
1961 - Encontro na Casa Branca com o presidente John Kennedy, que decide apoiar um programa de cooperação com a SUDENE.  Encontro com o ministro Ernesto Che Guevara, na Conferência de Punta del Este, para discutir o programa da Aliança para o Progresso. 
Publica Desenvolvimento e Subdesenvolvimento.
 
1962 - É o primeiro titular do Ministério do Planejamento, no governo João Goulart. Elabora o Plano Trienal, apresentado ao país por ocasião do plebiscito sobre o regime de governo. 
Publica A pré-revolução brasileira e Subdesenvolvimento e Estado democrático.
 
1963 - Deixa o Ministério do Planejamento e retorna à SUDENE. Concebe e implanta a política de incentivos fiscais para os investimentos na região.
 
1964 - O golpe militar de 31 de março cassa seus direitos políticos por dez anos, sendo seu nome incluído no AI-1.
 
1964 - Três prestigiosas universidades dos Estados Unidos — Yale, Harvard e Columbia — o convidam para lecionar. Em abril segue para Santiago do Chile, a convite do Instituto Latino-Americano para Estudos de Desenvolvimento (ILPES). Em setembro, muda-se para New Haven, USA, como pesquisador graduado do Centro de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. Publica Dialética do desenvolvimento.
 
1965 - Assume a cátedra de professor de Desenvolvimento Econômico na Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris. É o primeiro estrangeiro nomeado para uma universidade francesa, por decreto presidencial do general de Gaulle. Será professor da Sorbonne por vinte anos. Nos anos de exílio, suas pesquisas se concentram em três temas: o fenômeno da expansão da economia capitalista, o estudo teórico das estruturas subdesenvolvidas e o da economia latino-americana.
 
1966 - Publica Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. E, no ano seguinte, Teoria e política do desenvolvimento econômico.
 
1967 - Organiza, por sugestão do filósofo Jean-Paul Sartre, um número especial da revista Les Temps Modernes sobre o Brasil, em seguida traduzido como livro em várias línguas.
 
1968 - Vem ao Brasil pela primeira vez após sua cassação, a convite da Câmara dos Deputados, para debater a economia brasileira. Um projeto para o Brasil é lançado no Rio de Janeiro e São Paulo semanas antes do AI-5.
 
1970/1980 - Viagens a diversos países da África, Ásia e América Latina, em missão de agências das Nações Unidas.
 
1972 - Professor visitante na American University, em Washington DC. Publica Análise do “modelo” brasileiro.
 
1973 - Professor visitante na Universidade de Cambridge, Inglaterra, onde ocupa a cátedra Simon Bolívar. É feito Fellow do King’s College. Publica A hegemonia dos Estados Unidos e o subdesenvolvimento da América Latina.
 
1974 - Publica O Mito do Desenvolvimento Econômico.
 
1975 - Dirige um seminário sobre o Desenvolvimento Econômico na PUC de São Paulo.
 
1976 - Professor visitante na Columbia University, Nova York. Publica A economia latino-americana, seu livro mais difundido no exterior, e Prefácio a nova Economia Política.
 
1978 - Integra o Conselho Acadêmico da Universidade das Nações Unidas, Tóquio. Publica Criatividade e dependência na civilização industrial.
 
1979 - Após a anistia, retorna com freqüência ao Brasil, reinserindo-se na vida política. Casa-se com a jornalista Rosa Freire d’Aguiar.
 
1980 - Publica Pequena introdução ao desenvolvimento – um enfoque interdisciplinar.
 
1981 - Filia-se ao PMDB, como membro do diretório nacional. Publica O Brasil pós-“milagre”.
 
1982 - Diretor de pesquisas da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, Paris, onde durante três anos organiza seminários sobre a economia brasileira e internacional. Publica A nova dependência, dívida externa e monetarismo.
 
1983 - Publica Não à recessão e ao desemprego.
 
1984 - Publica Cultura e desenvolvimento em época de crise.
 
1985 - Integra, a convite do recém-eleito presidente Tancredo Neves, a comissão de notáveis (COPAG) que elabora um Plano de Ação do Governo. Assume o posto de embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia. É membro da Comissão de Estudos Constitucionais, presidida pelo senador Afonso Arinos, para elaborar um projeto de nova Constituição. Publica A fantasia organizada, primeiro volume de memórias.
 
1986/1988 - Ministro da Cultura do governo José Sarney. Elabora a primeira legislação brasileira de incentivos fiscais à cultura.
 
1987 - Membro da South Commission, iniciativa do presidente Julius Nyerere para formular uma política para o Sul. Publica Transformação e crise na economia mundial.
 
1989 - Publica A fantasia desfeita, segundo volume de memórias, e ABC da dívida externa.
 
1991 - Publica Os ares do mundo, terceiro volume de memórias. E, no ano, seguinte, Brasil, a construção interrompida.
 
1993 - Membro da Comissão Mundial para a Cultura e o Desenvolvimento, da ONU/UNESCO, presidida por Javier Pérez de Cuéllar.
 
1996 - Membro da Comissão Internacional de Bioética da UNESCO.
 
1997 - A Academia de Ciências do Terceiro Mundo, em Trieste, cria o Prêmio Celso Furtado, conferido a cada dois anos a um cientista do Terceiro Mundo no campo da economia política. A UNESCO e a Maison des Sciences de l’Homme organizam em Paris o colóquio internacional “O que é o desenvolvimento? – a contribuição de Celso Furtado”. É eleito para a Academia Brasileira de Letras. Publica Obra autobiográfica de Celso Furtado, em 3 volumes.
 
1998 - Criada a Red Celso Furtado de Estudos do Desenvolvimento (www.redcelsofurtado.edu.mx) por professores de México, França, Brasil, Espanha, Itália e Portugal. Publica O capitalismo global, que ganha no ano seguinte o Prêmio Jabuti, na categoria Ensaio.
 
1999 - Publica O longo amanhecer – reflexões sobre a formação do Brasil.
 
2000 - Realizam-se em Belo Horizonte, Recife, João Pessoa e São Paulo seminários internacionais sobre a sua obra. Exposição “Celso Furtado: vocação Brasil”, por ocasião de seus 80 anos, na Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro.
 
2001 - Exposição “Celso Furtado: vocación Latino America”, na sede da CEPAL, Santiago do Chile.
 
2002 - Publica Em busca de novo modelo – reflexões sobre a crise contemporânea.
 
2003 - Eleito para a Academia Brasileira de Ciências. Economistas da América Latina e personalidades do mundo inteiro encaminham seu nome ao Comitê do Prêmio Nobel de Economia, em Estocolmo. Publica Raízes do subdesenvolvimento.
 
2004 - Durante a sessão inaugural da UNCTAD-XI, que comemora o 40º aniversário desse órgão das Nações Unidas, recebe um tributo de seu secretário-geral, embaixador Rubens Ricupero, e do secretário-geral da ONU, Koffi Anan, por sua contribuição ao pensamento econômico e ao desenvolvimento. O presidente Lula propõe, em seu discurso, a criação de um centro internacional para discutir políticas de desenvolvimento, a que dará o nome de Celso Furtado. Em 20/11 Celso Furtado falece em casa, no Rio de Janeiro, vítima de parada cardíaca. O presidente Lula decreta luto oficial por três dias.
 
(Fonte: Centro Celso Furtado - www.centrocelsofurtado.org.br).